(1)Exu foi o primeiro filho de Iemanjá e Oxalá. Ele era muito levado e gostava de fazer brincadeiras com todo mundo. Tantas fez que foi expulso de casa. Saiu vagando pelo mundo, e então o país ficou na miséria, assolado por secas e epidemias. O povo consultou Ifá, que respondeu que Exú estava zangado porque ninguém se lembrava dele nas festas; e ensinou que, para qualquer ritual dar certo, seria preciso oferecer primeiro um agrado a Exú. Desde então, Exú recebe oferendas antes de todos, mas tem que obedecer aos outros Orixás, para não voltar a fazer tolices.
(2)Certa vez, dois vizinhos muito amigos esqueceram de fazer as oferendas devidas a Exú antes de começar a semana de trabalho. Zangado, Exú resolveu se vingar. Pôs na cabeça um gorro que era vermelho de um lado e branco do outro. Em seguida, passou calmamente pelo caminho que dividia as terras dos dois vizinhos, cumprimentando-os amavelmente. Quando ele se afastou, um dos vizinhos perguntou ao outro: “- Quem será este senhor de gorro branco?” E o outro falou: “- Não, o gorro era vermelho!” E ficaram discutindo se o gorro era vermelho ou branco, até que se pegaram e brigaram até se matar.
(3)Um homem rico tinha uma grande criação de galinhas. Certa vez, chamou um pintainho muito travesso de Exú, acrescentando vários xingamentos. Para se vingar, Exú fez com que o pinto se tornasse muito violento. Depois que se tornou galo, ele não deixava nenhum outro macho sossegado no galinheiro: feria e matava todos os que o senhor comprava. Com o tempo, o senhor foi perdendo a criação e ficou pobre. Então, perguntou a um Babalawó o que estava acontecendo. O sacerdote explicou que era uma vingança de Exú e que ele precisaria fazer um Ebó pedindo perdão ao Orixá. Amedrontado, o senhor fez a oferenda necessária e o galo se tornou calmo, permitindo que ele recuperasse a produção.